IA: DIlema do CEO x Expectativa dos Stakeholders
“IA está aí, e pode fazer tudo que eu pedia antes pra agência, pro departamento de insights, e pros estagiários, e também adianta meus comentários e perguntas, pra fazer todos eles retrabalharem. Mas e se o pessoal descobrir que eu estou usando IA?” Parece-me que a próxima barreira de adoção de IA é muito mais vencer a nova síndrome do impostor dos CEOs e C-Levels, do que continuar a provar a eficiência e inovação que ela traz.
Essa reflexão capta a tensão central da era da Inteligência Artificial: o desafio não é tecnológico, mas profundamente humano e organizacional. A IA é a continuação de uma jornada de transformação digital, sendo apenas "o mais recente pretexto para nos redesenharmos", com o potencial de remodelar o trabalho, a colaboração e o próprio sentido. No entanto, o erro reside em ter confundido a adoção com o progresso. A pressa em implementar a IA, sem a devida alavancagem estratégica, provou ser uma armadilha que expôs vulnerabilidades críticas de liderança e gestão.
A "síndrome do impostor" de C-Levels que menciono, é, na verdade, um sintoma de grandes lacunas que a IA está expondo nas organizações.
Outro dia um de meus sócios contou que programou um agente de IA para fazer apresentações tão boas, como ele nunca tinha feito antes por falta de tempo para pesquisar e formatar. Quando eu disse que seria melhor eu dar uma olhada antes dele levar a público essa apresentação, a resposta dele foi: “eu também programei outro agente pra fazer as suas críticas, e ele já revisou minha apresentação!”
Nessa pequena história, outro gap! De acordo com o report “Writer’s 2025 Enterprise AI Adoption”, 72% das aplicações de IA são desenvolvidas em silos. Isso pode ser simplesmente explicado quando vemos que líderes apenas implementam IA sem discutir KPIs conflitantes, e sem governança multifuncional.
O medo de ser descoberto usando IA, ligado a uma cultura de implementação top-down, que ignora a cocriação e a segurança psicológica, resulta em retaliação dos pares e colaboradores. O mesmo report da Writer indica que 41% dos colaboradores das gerações Millennial e Gen Z admitem sabotar a estratégia de IA da empresa, uma clara indicação de que o lema "Tecnologia primeiro, Pessoas depois" está fomentando a resistência e a baixa confiança.
Para superar essas armadilhas, o caminho é entender o que a IA faz, usar a humanidade que nós temos, e continuar a aprender uns com os outros, chegando a uma maturidade de “aumentados pela IA". Se perdemos a capacidade de aprender com outros humanos, aí sim os CEOs terão problemas!
É vital liderar com valores, construir confiança na arquitetura organizacional, e encarar a mudança como uma jornada emocional, onde a humildade e a incerteza se tornam forças visíveis da liderança. Vencer a síndrome do impostor passa por focar não na tecnologia em si, mas no desenvolvimento do capital humano necessário para usá-la com sabedoria.
Fontes: Dados de “2025 Enterprise AI Adoption Report” de writer.com